sábado, 22 de agosto de 2009

Ayesh e Rudá (I)

Afinal, as coisas não eram tão simples assim, ele tinha que entender.  A garota resmungava, perdida em seus pensamentos. Porque, bom, eu fui clara. Ayesh já estava cansada disso, não queria mais voltar ao mesmo ponto. 

Não é que ela era sádica e não gostava dele. Na verdade, sequer considerava a possibilidade de não gostar dele. Mas Rudá tinha que entender: Ela não queria ficar com ele. Só isso. Não precisava saber o porquê. Só precisava concordar. Quem visse a situação poderia até achar que ela não tinha sentimentos e que estava brincando com o garoto - mas lá dentro, ela sabia que não era bem assim.

E ele, bom ele sabia disso quando insistiu em ficar com ela. Ela não queria, mas bom, Rudá fazia jus ao nome. Ele não tinha nada de especial, mas, de certo modo, sabia usar algumas palavras. E isso não podia acontecer de novo - de maneira alguma ela iria ser levada por aquelas palavras doces que prometiam um mundo diferente.

Não, ela estava bem aqui - não exatamente bem, mas se sentia segura. Onde ela estava, conseguia se proteger, e tinha controle da situação. Pelo menos, até certo ponto; não que se sentisse bem fazendo aquilo.

Com Rudá, ela era outra, fazia todas as loucuras que sequer imaginava que podia fazer - tudo isso sem pensar duas vezes. Não sabia o porquê disso, o como se envolvera com ele, e o tanto que ele parecia amá-la. 

Amor. Era essa palavra que a assustava, a fazia arrepiar. Não podia pensar em coisa pior pra fazer do que se apaixonar por alguém justo ali, naquela hora. Tinha tanta coisa a fazer, tanto que planejara; não podia simplesmente jogar tudo pro alto como se nada fosse - eram seus sonhos, poxa! Não. Não iria se entregar aos braços de um menino - pois era isso que ele era, um menino. Apesar de mais velho, apesar de fazer isso e aquilo, por dentro ele era apenas um menininho, bobo e apaixonado.

Tsk. Exatamente aquilo que tanto desprezava nele era aquilo que despertava o seu sentimento. NÃO! Sentimento não. É confusão, isso. Matutava ela. São os hormônios, ora essa! Só podia ser culpa daqueles malditozinhos mesmo. E, de repente, tudo virava desculpa.

Mas ela tinha que evitar aquele idiota. Nem que, para isso, ele tivesse que detestá-la. Porque ele não merecia sofrer lá na frente, nem pagar pelos erros dela. Melhor o seria se, ao invés disso, ela cortasse esse amor boboca dele logo no começo. E assim o faria.

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