domingo, 17 de janeiro de 2010

Where's my soul?

Tinha dúvidas da realidade daquele dia, assim como de todos os últimos; parecia que os seus sonhos estavam muito reais, ou seus dias muito... estranhos. Dizem que há uma crise, depois que se termina um relacionamento longo. Mas, se era aquilo, definitivamente a palavra crise precisava de um novo conceito, algo mais próximo de torpor, talvez.

Talvez. Essa era a palavra certa, mesmo durante os últimos meses que não estava solteiro (êta palavrinha braba!), sua vida era um grande talvez. Não era aquela dúvida de o que será de amanhã?, mas do e agora?.

Talvez (provando sua teoria, e usando a palavra novamente) devesse parar de andar de ônibus. Talvez (!) fosse o tempo, as pessoas, a demora, a paisagem a mudar lentamente, ou tudo isso junto que o fizesse pensar. Pensar gerava dúvidas. E dúvida, naqueles dias, era o que menos precisava.

Naqueles pensamentos, foi divagando, levemente incomodado pela bagunça no fundão. Podia sentir, quase tocar naquela felicidade, aquele gosto que eles tinham, em uma viagem de ônibus, barulhenta, quente, desconfortável, tudo isso o fez olhar pra trás.

Dos cinco, três desciam naquele ponto. E quando o ônibus acelerou, aquela garota que estivera observando, suspirou, recostou a cabeça no banco, obviamente enfadada - e seus olhares se cruzaram.

Foi o tempo de fazer sinal, levantar do banco e descer do ônibus.

Era o diabo fugindo da cruz. Porque? Não sabia, mas aquele olhar lhe provocara arrepios. Deu três passos, e resolveu olhar pra trás. Há um quarteirão de distância, estava o ônibus. E, lá dentro, uma garota lhe acenava um tchau.

Era sua alma, que ia embora, levando com ela, a angústia, sua companheira.



E que diminua eu, pra que Tú cresças Senhor, mais e mais.

Só quando desistimos de nossos meios, nossas ferramentas, nossas posses, nossos conceitos, é que abrimos espaço para que o Espírito possa nos confortar. E este é o amor que vence barreiras.

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